terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

Dia desses, lendo, tomei conhecimento de que Sartre também sentia isso, que morreria como nascera, entre os livros…
Eu, que a essa altura já não sei se já morri ou se permaneço, continuo entre os livros. Talvez afogada em suas idéias (ou minhas, pois já não sei onde termino) ; talvez em colapso pela overdose de pó acumulado entre as páginas que não li; ou quem sabe, e mais provavelmente, adormecida depois de desistir das letrinhas que se embaralham sob meus olhos um segundo antes de partir, sem me despedir do meu corpo. Não fosse esse pernilongo chato que me obriga a dar incansáveis e desacertadas palmadas no ar, talvez eu não estivesse mais aqui. Mas estou. E tenho a pretensão de pensar que amo. De sentir que amo. Só por que tenho a ilusão de achar que ainda estou viva. Só por que meus olhos ainda conseguem ler alguma coisa. E tão acostumados a ler estão, a decifrar letrinhas em códigos linguístico-poéticos estão, que pensaram poder ler a poesia da luz dos olhos teus… como se essas infindáveis linhas da tua íris escrevessem sua poesia em palavras…
Quero aprender a ler a luz. E quando estiver pronta, posso morrer.

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