domingo, 14 de março de 2010

Eu sou

Eu sou a lagarta e a borboleta
a busca e a descoberta
amor infinito desamor
o carinho depois do tapa na cara.
Eu sou a flor que murchou na água suja do vaso na mesa
e o botão que desabrocha no vaso ao lado.
Eu amo só por que odeio e quero estar longe só por que estou perto;
eu quero fugir por causa da vontade de ficar.
Quero ser, mas só consigo estar.
Me derreto só para escorrer entre os dedos
da minha própria mão fechada,
e me alagar como poça dágua depois da tempestade,
água de enxurrada.
Me afogo na lágrima que escorreu do meu próprio rosto,
e me aqueço no calor do sorriso que vem depois do choro;
eu sou o samba ouvindo o Chico,
eu sou o amor lendo Vinícius.
Eu sou a Cecília
"eu canto por que o instante existe,
e a minha vida está completa,
não sou alegre, nem sou triste,
sou poeta."

2 comentários:

Tauana disse...

Que belo querida o que escreves!!!
Estou lendo aos poucos e devagarinho quando o coração permite ler sem chorar as correspôdencias de Clarice Lispector...o livro que você me deu!
Estou amando!
Te agradeço pelo presente!

Um grande abraço cheio de carinho,
Tauana

Ivi disse...

Mon Dieu! c'est toi, Tauana!
Salve a internet, essa derrubadora de fronteiras que fez do longe quase perto, e levou a poesia para correr o mundo!